Gostos das repartições públicas portuguesas. Gosto. É daquelas coisas inexplicáveis. É como gostar de actos masoquistas ou, pior, gostar do Sporting. Uma pessoa gosta e pronto, não é propriamente uma escolha
Depois de ter gasto quinze euros por umas fotocópias (quando as vi fiquei desiludido, pensei que fossem bordadas a ouro ou algo assim, mas afinal era apenas papel e tinta, mas deve ser uma tinta especial, para custar esse preço) e quando já estava pronto para ir embora, olho para o recibo, o único meio de levantar um papel daqui a vinte dias, que o caro funcionário me entrega e reparo que o meu nome não estava correcto.
- Desculpe, mas isto não é o meu nome.
- Não? Tem a certeza?
Cá está. Ele perguntou isto porque eu podia estar a brincar. Ou podia estar errado. Se calhar até era o meu nome e eu é que não sabia. Quem sou eu para contrariar o estado português? Pediu o meu contribuinte e lá viu que algo estava errado. Não sei o quê. Não sei como. Não sei porquê. Só sei que a repartição toda parou para ver o meu caso. O funcionário ficou alguns minutos a olhar para o ecrã, com um tique no olho, a tremer a perna, espantado com o caso. Ele e outro funcionário foram-se embora, subindo as escadas para outra divisão, e lá ficaram mais de dez minutos. E eu sentado à espera, debaixo dos olhares raivosos dos restantes utentes daquele local. Basicamente eu acho que provoquei um glitch na Matrix. O funcionário estava com ar de quem ia desatar a gritar “ERROR! ERROR!” e a chocar contra as paredes até a cabeça ficar pendurada por uns fios, tipo Robot decapitado.
Lá voltou, com um ar embaraçado, com o papel com o nome certo, mas, ainda assim, ele não parecia totalmente convencido. Eu por momentos pensei que viesse alguém lá de dentro dizer que eu, basicamente, não existia. Não ficaria surpreendido.
Depois de ter gasto quinze euros por umas fotocópias (quando as vi fiquei desiludido, pensei que fossem bordadas a ouro ou algo assim, mas afinal era apenas papel e tinta, mas deve ser uma tinta especial, para custar esse preço) e quando já estava pronto para ir embora, olho para o recibo, o único meio de levantar um papel daqui a vinte dias, que o caro funcionário me entrega e reparo que o meu nome não estava correcto.
- Desculpe, mas isto não é o meu nome.
- Não? Tem a certeza?
Cá está. Ele perguntou isto porque eu podia estar a brincar. Ou podia estar errado. Se calhar até era o meu nome e eu é que não sabia. Quem sou eu para contrariar o estado português? Pediu o meu contribuinte e lá viu que algo estava errado. Não sei o quê. Não sei como. Não sei porquê. Só sei que a repartição toda parou para ver o meu caso. O funcionário ficou alguns minutos a olhar para o ecrã, com um tique no olho, a tremer a perna, espantado com o caso. Ele e outro funcionário foram-se embora, subindo as escadas para outra divisão, e lá ficaram mais de dez minutos. E eu sentado à espera, debaixo dos olhares raivosos dos restantes utentes daquele local. Basicamente eu acho que provoquei um glitch na Matrix. O funcionário estava com ar de quem ia desatar a gritar “ERROR! ERROR!” e a chocar contra as paredes até a cabeça ficar pendurada por uns fios, tipo Robot decapitado.
Lá voltou, com um ar embaraçado, com o papel com o nome certo, mas, ainda assim, ele não parecia totalmente convencido. Eu por momentos pensei que viesse alguém lá de dentro dizer que eu, basicamente, não existia. Não ficaria surpreendido.
2 comentários:
Muito Bom! Certo dia, tive a oportunidade assistir, em directo e a cores, a uma cena parecida quando fui com a minha mãe à Segurança Social. A pobre senhora tentou, por todos os meios, convencer a alma que se encontrava do outro lado do balcão de que o nome que constava no seu cartão estava mal escrito, mas não conseguiu mais do que um "se o sistema diz que o seu nome é esse é porque é!" como resposta. Surreal...
Eu até levava a minha mãe (e já agora a minha filha) à segurança social, é didáctico. Uma pessoa ri, chora, reclama... E às vezes, muito raramente, trata de uma coisa ou outra. Mas só às vezes...
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