Tiro No Porta-Aviões. Ou Não.

Chamem-me doidivanas, mas acho os exercícios militares fixes. Andar aos tiros e correr com pistolas e tal. Claro que uma afirmação destas me pode valer uma perseguição por um bando de hippies mal vestidos e sob o efeito de estupefacientes, mas eu corro esse risco. Liberdade de expressão acima de tudo. Ou quase tudo. Porque o Benfica está acima do resto. O Mantorras não tem carta? O Luisão gosta de uma boa pinga? A questão é: quem não gosta? Vamos lá a ter liberdade de expressão, mas respeitemos o glorioso.

Voltando ao exercício militar, como é possível não gostar dele, especialmente quando acontece isto. Ora bem, tivemos 180 militares, o fecho do espaço aéreo e marítimo e, como é que havemos de dizer isto de uma forma respeitável, basicamente se fosse um jogador de futebol este exercício militar teria sido um Moretto. Isto não é dizer pouco, atenção. É preciso algo especialmente mau para eu apelidar de “Moretto”. Não se pode andar por aí fora a fazer afirmações deste calibre de forma leviana. Mas neste caso é altamente justificável. Reparem, o moderníssimo sistema “Chaparral” falhou todos os alvos. Não quero agoirar, mas algo chamado “Chaparral” não pode ser de confiança. Ou talvez até seja: se o exercício não corre bem, sempre se pode adormecer à sombra dele.
O exercício Relâmpago 07 (era assim o nome deste épico bélico) correu muito mal: Oito alvos, oito mísseis, zero por cento de eficácia. E de quem é a culpa? Segundo o Coronel Vieira Borges, a culpa é dos alvos. Exactamente, leram bem, dos alvos. Esses rufias dos exercícios militares, bem que o Coronel foi avisado dos actos ilícitos destes cobardolas. Então não é que estes estavam quase a passar do prazo, não sendo assim detectados pelo avançado sistema dos mísseis? Só falta dizer que os alvos se desviaram. Esses sacanas, aposto que votaram no Salazar para maior português. Fascistas. Ou então votaram no Cunhal. Comunas. O mundo está perdido. Com que então o exército tem os alvos fora de prazo… Desde que o Famous Grouse das altas patentes esteja bom, o resto pouco interessa.
Mas este aparente insucesso não foi suficiente para esmorecer o entusiasmo do Coronel que disse, bem ao jeito de Gabriel Alves: “Falhou o espectáculo mas valeu o treino”, que é uma versão militar do clássico “Não foi golo mas foi espectáculo!” que Gabriel Alves bramiu quando Pele tentou um golo do meio campo, em 1900 e troca o passo, e que eu e o meu primo víamos vezes sem conta numa daquelas cassetes dos melhores momentos dos mundiais. Era isso e a “Primeira Liga Inglesa!”, no canal 2 ao fim-de-semana, onde Gabriel Alves dava longos discursos sobre os jogadores, algo do estilo: “Cantona, 27 anos, avançado, dois filhos, micose entre o segundo e terceiro dedo do pé esquerdo, unha encravada no mindinho do pé direito, 1 metro e 75, 85kg, comeu umas asas de frango a mais ontem ao jantar”. Sem Gabriel Alves não tinha havido adolescência. Aliás, aquela frase de Gabriel Alves aplica-se a quase tudo na vida de um jovem. A primeira experiência sexual: não foi golo, mais foi espectáculo. Pronto, o exemplo foi mau. Não foi golo nem espectáculo, e muitas das vezes, infelizmente para os jovens, a equipa nem chega a entrar em campo. Mas até se podia aplicar.
Eu mencionei há pouco os Hippies, mas, atenção, não tenho nada contra Hippies. Especialmente depois de pensar no Al Gore. Antes os Hippies a cheirar a mofo, sempre dizem menos parvoíces que o Al Gore. E cobram menos dinheiro. “Ai o aquecimento global e tal e passem para cá 2500€ para me ouvir”. Assim é que se salva um planeta.