Da Taça e Outros Demónios

Para uma pessoa que, como eu, acompaha o mundo editorial com alguma atenção, é com prazer que vejo livros que misturam a componente lúdica com uma forte e inegável utilidade. Veja-se o próximo best seller nacional, livrinho capaz de bater recordes:

Apresento aqui alguns excertos do livro, para vos aguçar o apetite:
"Dez conselhos para nunca falhar penalties:
1 - Não por o Polga a marcar
2 - Não por o Izmailov a marcar
3 - Não por o Liedson a marcar
4 - Não por o Polga a marcar
5 - Não por o Izmailov a marcar
6 - Não por o Liedson a marcar
7 - Não por o Polga a marcar
8 - Não por o Izmailov a marcar
9 - Não por o Liedson a marcar
10 - Evitar envergar uma camisola verde com riscas brancas (ou uma verde garrafa ou qualquer camisola de qualquer côr que tenha um símbolo verde com um leão, para ser mais exacto)."
Vê se claramente que houve um trabalho de fundo na execução do livro. Os autores não tiveram medo de abordar questões problemáticas do futebol no geral e da marcação de grandes penalidades em particular. Vejamos outro excerto:
"Na marcação de penalties, há um princípio básico que os jogadores do Sporting parecem não compreender: o facto de objectivo da coisa ser colocar a bola na baliza. Parece simples. Para os jogadores do Sporting não é. Veja-se o caso paradigmático de Anderson Polga, também conhecido nestas lides como o "Zarolho": ele corre para a bola como se corresse para a morte. Devagar, com calma, receoso. Já Liedson pauta-se pela falta de vontade. Para Liedson marcar um penalty é como comer bróculos. Faz-se, mas só quando nos obrigam."
Mas há mais:
"Meus caros treinadores: lá por a taça se chamar Carslberg Cup não convém dar cervejas aos jogadores. O Miguel Veloso parecia que tinha engolido um barril. O Izmailov, Liedson e Polga estavam a ver a dobrar, pela maneira como marcaram o penalty. Há que haver profissionalismo."
Uma das coisas que gostei no jogo foi o comentário de um dos repórteres no terreno- Quano instado a transmitir as indicações que Paulo Bento deu ao seus púpilos, ele presenteou-nos com um breve momento de silêncio, seguido de um "Paulo Bento pediu tranquilidade aos seus jogadores". Quer-me parecer que alguém nem sequer ouviu o que o Paulo Bento disse e atirou um "Tranquilidade" para o ar.
No fim de contas, foi uma noite bonita.