O casamento é algo extremamente puro, para muitos é, efectivamente, uma das maiores instituições da nossa sociedade ocidental. A conversa que tive com a minha esposa, de manhã, testemunha mesmo isso:
- Porque é que casaste comigo? - Pergunto eu.
- Porque te amo...
- (pausa de cinco segundos) Sabias que prai até ao 7º ano eu queria ir sempre de fato-de-treino para a escola?
- Porque é que só me contaste isso agora?
- ...
Cá está, toda a beleza do sagrado matrimónio. Num momento expressa-se um bonito e profundo amor, no outro há um repúdio pelo passado do cônjuge. O que vale é que omiti a parte dos remendos nos cotovelos e nos joelhos.
Ser um jovem adolescente do início dos anos 90 era muito bom. Desde os moshs até à tão balada ida ao poste, a vida do adolescente tuga era repleta de aventura e fascínio. Felizmente nunca me calhou a sina da ida ao poste (a minha filha é prova disso, aqui funciona tudo bem, obrigado), mas recordo-me da agonia dos meus colegas, quando levados até à vertical besta. E depois havia aquele temido corredor onde se distribuiam uns valentes calduços, ainda me lembro de ver colegas (que eu julgava serem valentes, quer por terem demonstrado serem destemidos no jogo da "Maria", ou por comerem gafanhotos, o normal naquelas idades) lavados em lágrimas. Impressionava qualquer um.
Outras sevícias incluiam a roda muda, que acabava inevitavelmente com o gajo do meio a levar mocada de tudo e todos, e aquele mítico evento que era o lá-vai-alho, que é algo que ainda hoje só duas ou três mentes iluminadas conseguem perceber para que serve. Mais uma vez isto acabava com metade do pessoal no chão, levando aos inevitáveis moshs, e depois à levada ao poste de um ou outro coitado que ficasse prostrado no chão.
Onde é que quero chegar? Não sei bem. Mas a verdade é que a vida de adolescente de início dos anos 90 me preparou, e de que maneira, para o casamento. E para a guerrilha urbana. O que, no fundo, é basicamente indistinto.
Sem comentários:
Enviar um comentário