segunda-feira, novembro 13, 2006

Uma Questão de Marketing

Nesta gloriosa madrugada de domingo, por entre o nevoeiro e as inúmeras lombas e buracos na estrada, fui buscar um familiar que chegava a essa bela hora ao Aeroporto de Lisboa, nada mais nada menos que 6.30 da matina. Chiça que é cedo! Como suspeitava, e ao contrário de uma cidade, que se intitula de cidade que nunca dorme, em lisboa e arredores dorme-se e dorme-se bem. Não havia quase nenhuma alma acordada a não ser aqui o Sr. Jurista e o bébado que anda sempre no chiado a cantar o hino.
O aeroporto é um antro em que todas as expécies se encontram e onde tudo acontece. Não fiquei defraudado perante tal expectativa. Pensava eu que o Aeroporto era um lugar onde havia sempre movimento, pois praticamente minuto a minuto chegam e saem aviões para esse mundo fora. Partindo dessa permissa, chego á zona de chegadas e passa por mim a correr um anão aos gritos, e eu, mau...que isto está agitado. Entrei e esperando uma zona cosmopolita e movimentada como a zona de chegadas, deparo-me com o seguinte cenário: dos quatro cafés que existem, apenas um está aberto e pasme-se: tem bicha ou fila para os mais sensiveis. Típico Portugal, bem apanhado pelo Marketing do Aeroporto. No entanto, descobri um bonito estabelecimento que está aberto 24h por dia: nada mais nada menos que um restaurante "fashion" de sushi. Igualmente bem apanhado pelo marketing, é obvio que é necessário um restaurante de sushi no aeroporto. Ao lado tem um balcão de informações para os voos que chegam diariamente, 24h por dia a esta bonita cidade. Só tem um pequenino problema...os voos chegam, mas o balcão só funciona das 7 ás 22h. Pedimos desculpa pelo inconveniente. Se por acaso quiserem uma informação é chegarem ali ao Antunes dos táxis, que ele providencia, com a devido pagamento de taxa de bagagem.
Sento-me no café existente ao lado de um senhor de cor, ao meu lado esquerdo, muito simpatico. até ai tudo bem. Passado dois minutos, senta-se numa outra mesa do lado direito outro senhor de cor. até ai tudo bem. De repente e estando eu no meio dos dois, vira-se um para o outro e pergunta: "oh faz favor, vem buscar alguêm do voo que vem do Senegal?", ao que o outro responde que sim, e que está um bocado atrasado. Até que, após 30 segundos de total sossego com as moscas a pairarem...passam da conversa em português para uma conversa em dialecto senegalés, de género tribal e eu no meio. a conversa começou a ser algo do género:
-"irtu des fux hivoti?"
-" nade fez jut fireito"
Isto mais coisa menos coisa, durante ums minutos largos. É claro que será escusado dizer que o chocolate quente que pedi não veio quente mas frio. Mais uma vez o marketing do aeroporto no seu melhor, para o estrangeiro se ir habituando. Para acabar em beleza, vou ver ao quadro de chegadas dos voos e vejo que o voo tinha aterrado ás 7.03 "confirmado". vou dar um bocado corda aos sapatos e passado ums 10 minutos regresso. por acaso olho de novo para o quadro que refere que o voo tinha aterrado ás 7.08 "confirmado". Como dizia o outro, o dia até me estava a correr bem...

3 comentários:

Pedro Duarte disse...

Epa, confesso que a expressão "pessoa de cor" me faz confusão, tanta quanto "preto".

Curiosamente "branco" não me faz quase confusão... E no entanto, é do mesmo cariz do que "preto"...

Isto das raças e do racismo que nos rodeia acaba por infiltrar-se em nós...

Sr. Bastonário disse...

É uma situação complicada, ao minimo deslize podem surgir acusações graves... Mas o Sr. Jurista é um perito no politicamente correcto, um mestre na arte do não ofensivo.

Sr. Jurista disse...

Por acaso tb não costumo utilizar esse tipo de expressões, até porque concordo que chamar branco ou preto é igualmente racista! Mas tb nem sempre quando são utilizadas são para emitir comentários racistas e este foi um desses casos, sendo que só o utilizei para enquadrar a história :)

Como nota final, e já agora de rodapé, o nosso obrigado, em nome do estáminé ao pedro duarte pelos comentários elogiosos ao nosso blog.