Zé do Tunning

Ontem fui a um encontro de aficionados do mundo automóvel, devido ao facto de a minha mulher ser, também ela, uma aficionada. Eu ponderei por momentos utilizar aqui a expressão “obcecada do caraças”, mas penso que isso poderia ferir susceptibilidades, por isso mantive o “aficionada”. Mas que é obcecada é. Ao fim da tarde começámos a preparar a nossa ida. E que melhor maneira de preparar a nossa ida ao encontro do que tirar as letras do carro da minha esposa com fio dental e álcool? Nenhuma, meus amigos, nenhuma. Devo-vos afiançar que sou um mestre na arte do fio dental. Ficou bonito, devo admitir. Bom, lá fomos nós, pela noite dentro, rumo ao local do encontro. Pensei em por uns dados no retrovisor e o colete no banco do condutor, mas ela não deixou. Chegámos, e a primeira coisa que reparei (como qualquer homem) foi que não havia aquelas mulheres que surgem amiúde nas capas das revistas de tunning, meias despidas e de seios abundantes. Obviamente que não mencionei esse facto à minha esposa, pois com o rio ali tão perto, o meu destino seria dormir com os peixinhos. A noite estava agradável, as conversas também. O único problema era a minha vontade de, sem qualquer aviso prévio ou qualquer sentido dentro da conversa, solta aleatoriamente palavras como “pneu” e “pistão”. Eles iam falando “ah e tal o spoiler tá fixe” e eu pimba “PNEU”. Assim do nada. Era incontrolável. Acho que era o meu subconsciente a tentar com que eu me integrasse. Em vão, ainda por cima. Mas foi uma noite agradável, a repetir em breve quando o carro da minha esposa tiver as jantes que ela tanto almeja. E estou aqui estou a usar o fio dental no meu. Será que ainda tenho salvação?
Estou ansioso por ver o Benfica jogar futebol outra vez, algo que não acontece desde o jogo do Bordéus, na Luz. Quando eles decidirem, alguém me avise. Enquanto eles continuarem de férias no Algarve aquilo tem pouco ou nenhum interesse. Vem aí o Áustria de Viena, e já prevejo manchetes tipo “Benfica perdido na Valsa” no dia 9 de Agosto. E o que dizer de Moretto? Pouco há a acrescentar. “Ah, um pontapé de baliza. E que tal, não sei, se eu mandar a bola directamente para fora e fazer o Leo correr um bocadinho. Será que ele a apanha? Espera… PIMBA, lá vai ela. Vai Leo, corre anão! Aaaaaaaaah, bom esforço jovem, bom esforço.. Ah ah.. Teve piada.. Epah, o lançamento deles foi perigoso, o gajo vai aparecer isolado! Vai rematar! Bom remate! Hmmmm, que fazer agora? Já sei, já sei. Em vez de defender, permanecendo em pé e agarrando a bola, vou ajoelhar-me, como bom temente a Deus que sou, e vou socá-la para o ângulo superior esquerdo da minha baliza! Sim, aposto que esta eles não se lembravam! Pimba! Lá está. Agora vou fingir que estou triste…”
Longo é o sofrimento de um Benfiquista…